Notícias

  • Projeto Tatiane Spitzner

Lar doce Lar | Artigo

15 de julho de 2020

Este texto faz parte da campanha ‘respeito é a base da transformação’, lançada pela Subseção no início de julho com o propósito de trazer reflexões para os profissionais sobre temas que permeiam o dia a dia de todos.

“Eu sou a palavra, minha família é o papel”. Simples assim! O cenário é a sua casa. O script semelhante ao de qualquer novela cheia de baixarias, desqualificações e perda de controle.

Todos nós sabemos o que aconteceria em sua casa se num determinado momento seu filho chegasse correndo na sala e derrubasse o copo de suco que tem em mãos no sofá e, consequentemente, em seu celular, que tinha ficado lá.

Neste exato momento instaura-se “a revolução”, uma cena dantesca:

– O que você fez?!

– Sai daí! Seu idiota! Imbecil! …

– E você aí que não faz nada!! Corre! Traz um pano!

Empurrões, socos…

E se fosse água… Seria diferente? Claro que não! Muito bem-vindos ao “Lar doce lar!”

A convivência causa profundas dores que apontam os aspectos de nossa infância e a imaturidade para lidar com as adversidades do dia a dia. Adversidades que só poderiam ser enfrentadas com maturidade.  Para amadurecer, é necessário que exista o confronto e superação do conflito. Coisas que acontecem em família, no lar, nosso ponto de encontro.

Conviver em família nos obriga a domar nosso orgulho e egoísmo. Tarefa esta que dependerá do resgate dos valores familiares que se perderam e do comprometimento de cada um dos protagonistas da vida familiar.

Em muitos lares, cujos pais, durante a infância, vivenciaram os abusos do autoritarismo, gerados pela educação pelo medo e fortes repressões, agora enquanto pais resolveram ser “amigos dos seus filhos”, para que estes não “passem pelo que eles passaram” desde a mais terna infância.

A sociedade está estruturada hierarquicamente e a família, seu núcleo básico, requer que esta seja fundamental para o cumprimento do papel de educar. “SER PAIS” implica na responsabilidade e no comprometimento de EDUCAR OS FILHOS. Tarefa esta que não deve ser terceirizada e deve ser executada dentro dos princípios do respeito mútuo, com normas e procedimentos claros, sem autoritarismo, porém com autoridade, empatia e amor.

Como processar essa educação:

Em primeiríssimo lugar, desconsiderando a velha crença de que os filhos não são folhas de papel em branco, nas quais os pais devem escrever a sua história. E em segundo lugar, de acreditar que de fato seu filho é um ser integral, que processa desde muito cedo sua aprendizagem. Que como um ser humano racional, detém as habilidades necessárias para compreender e assimilar absolutamente tudo o que se passa ao seu redor. Que sua capacidade de amar se dará a partir da leitura que ele próprio fará, de tudo o que seu meio lhe apresenta; o que requer dos pais a colocação de limites, porém explicando o PORQUE do sim ou do não e não apenas a imposição desses sim ou não.

Muito importante é pensar antecipadamente, na sua capacidade, enquanto educador, de cumprir suas promessas, sejam elas de punição ou de recompensa. Esse posicionamento fará o filho perceber que o que se diz, se faz, e assim despertar respeito pelas suas figuras parentais e que no futuro servirão de parâmetro para avaliar o comportamento das outras pessoas. E compreender a diferença entre si e o outro.

Enfim, aprender que para conviver bem e sem abuso preciso sempre ponderar:

O que eu quero ou não fazer;

O que eu posso ou não fazer;

O QUE É ADEQUADO FAZER?

Susana Raurich
Coach Psicoterapeuta