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Advogada com filho portador de autismo relata importância da conscientização sobre o transtorno

16 de abril de 2019

Em abril, mês de conscientização do autismo, a diretoria da OAB Guarapuava está com o objetivo de levar mais informações sobre as particularidades, necessidades e direitos das pessoas com Transtorno do Espectro do Autista (TEA). A partir da próxima semana, a Subseção contará com a Comissão de Pessoas com Deficiência, responsável, entre outros temas, por garantir a inclusão social.

Ana Lúcia Michalak é advogada, futura membro da Comissão de Pessoas com Deficiência e mãe de uma criança com TEA. Ela acredita que a conquista de uma maior visibilidade, mais acesso a informação e iniciativas como a da OAB Guarapuava trazem uma transformação positiva para a parcela da população que convive com o autismo.

“Quando você passa a fornecer informações e suporte jurídico a essa população, abrem-se novos caminhos. A divulgação de informações procura trazer alterações no comportamento da população em geral, principalmente em relação ao respeito, com a diminuição do preconceito”.

Para a advogada, outras questões também são pertinentes a inclusão social, como o diagnóstico precoce, tratamentos médicos e de reabilitação, entre outros, que interferem positivamente na qualidade de vida dessa população. Por isso, Ana salienta a importância da comissão e outras iniciativas civis semelhantes.

“A criança dentro do TEA necessita de muitas horas de terapia semanal, a qual deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar. O que se busca é o desenvolvimento de habilidades pelos portadores do espectro que lhe permitam a autossuficiência no futuro, e quanto mais cedo o início dessas terapias, melhor é o prognóstico, por isso a importância do diagnóstico precoce”, explica.

“A parcela da população que não consegue pagar pelos tratamentos sofre, uma vez que o SUS não consegue atender a demanda do volume de terapias que uma criança com TEA necessita. Mesmo as pessoas que possuem plano de saúde, na maioria dos casos, necessitam ingressar com processos judiciais para garantir o pagamento integral do tratamento. Tudo isso tem um impacto profundo no prognóstico dessa criança”, pondera.

UNIÃO

Assim como a comissão da OAB Guarapuava, outras iniciativas municipais também trabalham os direitos e a inclusão dos portadores de autismo. Ana Lúcia relembra que um grupo de pais de crianças dentro do espectro autista se organizaram, fundaram uma associação e tem trabalhado muito para sua consolidação. Trata-se da Associação Guarapuavana Mundo Azul (AGMA).

“O trabalho desses pais faz toda a diferença na busca de políticas públicas, oferta de terapias pelo poder público e inserção social, mas ainda há muito trabalho a ser feito”.

É a união do pais que também auxilia famílias que recebem o diagnóstico de filhos portadores de TEA. No caso específico de Ana Lúcia, o diagnóstico do filho a pegou de surpresa, porém, transformou sua forma de ver o mundo.

“Quando você recebe o diagnóstico de que seu filho é autista é muito impactante, muito difícil de explicar, é como se o futuro idealizado desmoronasse. Passado o choque inicial, você se reorganiza e sua vida muda, em todos os sentidos. Nós, como pais, de um modo geral, sempre temos boas expectativas em relação ao futuro de nossos filhos, muitos planos e certezas de um bom desenvolvimento. Com o diagnóstico, essa certeza desaparece, então você faz o que tem que fazer, estuda o assunto profundamente, busca todas as terapias, mas não tem como saber qual será o resultado”, relata.

“Existe uma estatística de que 20% das crianças, dentro do espectro autista, com as terapias, evoluem e perdem os sintomas que os inseriam no transtorno, independente do grau do autismo. Todos os pais que eu conheço lutam diariamente por isso, mesmo sem saber se conseguirão. Ter um filho especial traz o ensinamento acerca do que realmente é importante na sua vida”, finaliza.